quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Coração de Águia...

«Considero-me como débil passarinho coberto de leve plumagem. Não sou águia; só tenho dela os olhos e o coração, mas apesar da minha extrema pequenez, atrevo-me a olhar fixamente para o Sol divino, o Sol do amor, e o meu coração sente em si todas as aspirações da águia.
O passarinho quisera voar até esse brilhante sol que fascina seus olhos. Que será dele? Morrerá de dor vendo-se impotente? Oh não! O passarinho nem sequer chega a afligir-se. Com um abandono audaz quer continuar a olhar fixamente para o seu divino sol. Nada o assusta, nem o vento nem a chuva. Se nuvens escuras vêm ocultar o Astro do Amor, o passarinho não muda de lugar; sabe que além das nuvens o seu Sol continua a brilhar, que o seu esplendor não poderá eclipsar-se nem um só momento» (1)
Somos apenas um pardal, mas temos coração de águia. Este é o mistério terrível e contraditório do homem: sentir-se, ao mesmo tempo, pardal e águia; ter um coração de águia e asas de pardal.
Que fazer? Sei que não posso voar tão alto. Nem tentarei. Nem sequer baterei as asas; entregar-me-ei às asas do vento; o vento é Deus. O resto fá-lo Ele. Sei que sou um pardal, mas sei também que, com uma grande paz, me entrego a Deus. Ele pode emprestar-me poderosas asas de águia. Haverá alguma coisa impossível para Ele?
Sei que sou um montão de ruínas e desolação; mas sei também que, se me entrego a Deus, Ele pode transformar-me numa mansão deslumbrante. Ele é Poder e Graça.»


Ignacio Larrañaga, em "Mostra-me o Teu Rosto"

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