Formação

Ave Maria cheia de graça



A formação familiar foi fundamental para ela se tornar uma pessoa mais digna, consciente de si, cheia de auto-estima, preparada para a vida e seus desafios.




Maria nos ensina muitas coisas. Com ela, passamos a entender melhor o sentido de ser serva, servo do Senhor. Descobrimos como ser atentos aos mínimos detalhes, como assim ela foi em Caná. Aprendemos a ter atitudes reflexivas e a não ser deixado levar pela onda que passa, assim como Maria acolheu o anúncio do anjo ( Lc 1,29).

Ela nos ensina a perceber a vida de forma intensa, conservando e meditando no coração os acontecimentos do dia-a-dia. Ensina a caminhar com o povo e ser atento às suas necessidades, a servir, doar, ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa para muitos. Mostra como assumir nossa identidade de jovens batizados e comprometidos com o Reino de Deus.
Sem dúvida Maria teve uma preparação de berço. A formação familiar foi fundamental para ela se tornar uma pessoa mais digna, consciente de si, cheia de auto-estima, preparada para a vida e seus desafios.
Uma das cenas mais marcantes da vida de Maria foi o anúncio do anjo, que lhe trouxe um recado divino: ela seria a mãe do Salvador. Entre tantas, Maria foi escolhida para gerar, educar, seguir os passos de seu filho Jesus, assumir a maternidade da humanidade aos pés da cruz e não fazer outra coisa que fosse guiar seus filhos ao Filho.

A Escolhida


Maria teve de manter segredo. Isso criou um certo embaraço no seu relacionamento com José, a ponto de ele pensar em abandoná-la em segredo. Mais eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e o fez entender melhor sua missão, que ele também abraçou com toda humildade, como educador, pai e protetor.
Maria caminhou grávida, contando com todo o apoio de José. Após o recenseamento, eles procuraram uma estalagem para passar a noite. Mas nenhuma pode abrigar aquela família, cuja mulher estava prestes a dar à luz. É surpreendente notar que o Filho de Deus não nasceu em berço de ouro, nem sua mãe foi contemplada com o melhor serviço hospitalar, muito menos seu pai tinha o emprego mais sofisticado da época.




A mulher
Em Caná, Jesus dá o melhor vinho depois que sua mãe diz aos servos: Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo. 2,5). A fé do antigo povo de Deus culmina ,agora, na fé de Maria. Da mesma maneira que a comunidade de Israel era freqüentemente representada pela imagem de uma mulher, Maria representa a comunidade dos cristãos.
É importante perceber que os evangelistas tecem uma trajetória de Maria que acompanha o seu filho em todos os momentos da vida, mostrando assim o valor desmedido da mãe para com seu filho. Além do mais, deixa que seja feita a vontade do Pai.
A presença de Maria em toda vida de seu Filho Jesus reforça a confiança que temos em sua pessoa, tendo-a como Auxiliadora, mulher que soube aceitar o convite do Senhor para ser a mãe do Filho do Homem e, no céu, intercede por nós pecadores.
Sua caridade ultrapassa os simples gestos e atitudes concretas de alguma ajuda material, de acolhida de uma visita, de um gesto de perdão. Ela é uma presença que compreende, acolhe, fortalece, dá segurança. Ela é filha, mãe, esposa, companheira e amiga.


Fonte:( Boletim Salesiano Set/Out 2003) www.santissimavirgemaria.com.br


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  Gestos na Liturgia Católica 

Falar de gestualidade litúrgica é lembrar-nos de que a nossa natureza humana tem e se exprime "num corpo".
       A gestualidade funda-se biblicamente numa experiência vital de Deus. Hoje para os cristãos esta experiência vital dá-se no interior da comunidade eclesial e na celebração dos sacramentos.
       O gesto coloca o corpo em oração, como pessoa inteira. Com a renovação litúrgica foi reencontrada «a nobre simplicidade dos ritos» (Constituição Litúrgica Sacrosanctum Concilium, n.° 34).
O gesto é um acto que exprime um estado interior da pessoa. Os gestos na liturgia estão modelados segundo os próprios gestos que Cristo usou. O fundamento dos gestos é o próprio Cristo. Ao pensarmos n'Ele favorece-se o nível máximo de interiorização. Ele assumiu a dimensão da corporei­dade humana, tornando-Se assim a referência de toda a gestualidade litúrgica.
       Narra-nos a Carta aos Hebreus (10,5): «Entrando no mundo, Cristo disse: não quisestes sacrifício nem oblação, mas preparaste-Me um corpo.» É deste núcleo que deriva todo o posterior gesto litúrgico, porque a nossa espiritualidade litúrgica deve ser modelada e orientada sobre a gestualidade de Cristo. Assim, quando rezamos, tentamos imitar todos os gestos corporais da vida de Cristo, que foram muitos e vêm descritos no Evangelho, dando realce especial à Sua "paixão", durante a qual «Ele estendeu as mãos e morreu na cruz».

       O sinal é algo sensível que significa ou indica outra realidade ausente ou presente, e informa e orienta.
       O símbolo é uma linguagem muito mais expressiva e rica de co­notações do que simplesmente a falada. Tem uma função mediadora, comunicativa e unificadora. Apoia os fiéis na sua "procura" de Deus. Estabelece uma relação afectiva entre uma pessoa e a realidade pro­funda que não se consegue exprimir bem de outra forma. A liturgia e os costumes cristãos estão cheios de símbolos: a água para o baptismo, o pão para a Eucaristia, o vinho, o gesto de reconciliação, as palavras da absolvição e da consagração, a imposição das mãos, a bênção...
       A seguir descrevemos o significado de alguns gestos que aparecem na celebração eucarística - o sacramento "principal" (porque os sa­cramentos são mais diferentes do que iguais), mais conhecido.
  • De pé: é uma postura que significa a ressurreição de Cristo que se levantou do sepulcro, e que ganhou a liberdade para estar, conforme a sua promessa, em todas as assembleias cristãs. É sinal de atenção, adesão, respeito e disponibilidade. A lição do Evangelho ouve-se sempre "de pé".
  • De joelhos: traduz uma atitude de penitência, de humildade e de oração intensa. Recomenda-se para acompanhara Oração Eucarística, após a aclamação do "santo".
  • A genuflexão: é o gesto de dobrar o joelho direito até ao solo, com perfeição e na vertical. Indica respeito, reverência, adoração. Na Missa é feita pelo sacerdote 3 vezes: na ostensão do pão e do cálice consagrados e antes da Comunhão. Porém, todos os fiéis o devem fazer, com perfeição e calma, quando passam diante do SS.° Sacramento, diante do sacrário, e na procissão do Corpo de Deus. Genuflexões perfeitas são hoje em dia muito raras em Portugal, mas os santos faziam-nas perfeitíssimas, cheios de fé.
  • Sentados: é a postura de quem ensina com autoridade ou de quem escuta com atenção muito especial.
  • Beijo (Abraço da paz): na Missa é um rito antes da Comunhão. Significa concórdia, intimidade, união dos corações e dos ideais.
  • Sinal da Cruz: é uma profissão de fé baptismal, trinitária, identi­ficação com Cristo Crucificado.
  • Bater no peito: sinal de arrependimento e desejo de conversão. Usa-se no acto penitencial no início da Missa.
  • Mãos postas: muitos juntam-lhes também os olhos fechados. Significa intensidade, elevação, oração sincera, recolhida, elevador para a contemplação.
  • Estender os braços: imitação de Cristo que também estendeu os braços para morrer na Cruz.
  • Mãos abertas: louvor, petição, entrega e acolhimento dos dons de Deus.
  • Lava-mãos: sinal de purificação do pecado. Fá-lo o sacerdote antes de oferecer o sacrifício de Cristo e da Igreja.
  • Imposição das mãos: gesto bíblico muito antigo. Usa-se como epiclese (súplica ao Espírito Santo), para consagração de coisas e sobretudo de pessoas.
  • Elevação (a grande): é um gesto novo próprio da Missa, diferente da ostensão e colocado ao fim da Oração Eucarística, antes do Pai Nosso, quando o sacerdote eleva o pão e o vinho, mostrando-os aos fiéis e esperando que estes digam «Amen» em ratificação da oração sacerdotal. Sempre que o sacerdote presta atenção correcta a este rito, como é sua obrigação, revela uma sensível eclesiologia de admirar.
  • Fracção do pão: rito usado pelo próprio Cristo quando celebrava a Eucaristia. Simboliza o amor de entrega de Jesus por nós, e a paz e reconciliação que Ele nos adquiriu e em que nos colocou no decorrer da Santa Missa.
  • Silêncio: é um espaço em que Deus vive e Se manifesta. Cria o ambiente especialmente favorável ao encontro com Ele. Usa-se no espaço sagrado e todo o sacerdote o favorece antes das orações, na Comunhão e nas adorações eucarísticas.
  • Bênção: É "bem-dizer", primeiro a Deus; depois, Deus tem bênçãos espirituais em Cristo para os fiéis, e muitas bênçãos materiais para todas as criaturas.
       Tudo o que se faz e acontece na liturgia exige um entendimento. A catequese litúrgica torna-se cada vez mais necessária, e não admira que tenha sido inculcada pelo próprio Concílio Vaticano II. É uma maneira de se evitar "o adormecimento" ou "o aborrecimento" dos fiéis e de se exibir a "unidade" em Cristo de toda a comunidade cristã. Porque é que muitos em Portugal, especialmente os jovens, e muitos dos quais até costumam ir à Missa, dizem com facilidade que tudo isto «é uma "seca"»? -  Isto apenas traduz o deserto laico, secularizante que hoje se vive. É o baixar dos braços, pior que um freio, à evangelização.
       Há, porém, quem interprete a sua corporeidade precária, com todas as pobrezas que salienta (repetição, cansaço, doença, incomunicabilidade, medo, solidão e morte), como lugar histórico do triunfo de Cristo que vem, qual templo vivente, consagrado pelo Espírito do Filho enviado pelo Pai, ao qual suplicam com veemência: «Até quando; Senhor, Tu que és santo e veraz; até quando não virás para nos fazeres justiça?» (AP 6,10), e, porque se sente Esposa, diz com a voz do Espírito: «Vinde, Senhor Jesus» (AP 22,17.20). É assim que se descobre a profundidade das palavras de Tertuliano: caro salutis cardo (a carne é invólucro da salvação). Assim é, de facto, na "materialidade" dos sacramentos e na pluralidade dos gestos e sinais litúrgicos.
Pe. Mário Santos, in Paróquia de Tarouca.

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Quem é generoso É FELIZ!!!  

O bem, por onde passa, deixa marcas que não se apagam. Jesus passou fazendo o bem: curou os cegos, mudos, coxos, paralíticos, endemoninhados. A quantos de nós Ele já curou e a quantos mostra sua generosidade enviando provações, para que nos tornemos melhores...Como somos no dia a dia com nossos semelhantes? Temos paciência com seus defeitos? Isso é uma bela forma de generosidade. E os que batem à nossa porta, pedindo alimento, uma veste, um 'dinheirinho', são atendidos com generosidade? Disse alguém que podemos medir nossa generosidade pela forma como atendemos os necessitados. E às vezes esses necessitados vêm revesitidos com a veste da necessidade de serem ouvidos por nós, de receberem uma palavra de atenção, um olhar de amor, um gesto de compreensão. Quantos necessitados moram na mesma casa que n ós...
O autor sagrado assegura que "a alma generosa será cumulada de bens, e o que largamente dá, largamente receberá" (Pv 11,25). Quanto temos dado? se há cobertores de sobra guardados em nossos armários, quanta falta fazem a tantos; se há dinheiro na poupança além do necessário, quantos bem deixamos de fazer a tantos...Não queiramos guardar o que um dia seremos obrigados a deixar! Melhor é subir ao encontro do Senhor de mãos vazias, como ensinava Santa Teresinha. De mãos vazias porque tudo o que tinhamos fomos dando pouco a pouco, para amenizar o sofrimento do próximo e nos santificarmos. 
Numa carta que escreveu a Timóteo, falando dos deveres dos ricos, Paulo exorta: " Que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, ajuntem um tesouro sólido e excelente para o seu futuro, a fim de conquistarem a verdadeira vida" (1Tm 6,18-19). E quantos de nós somos ricos! Rico não é apenas o que mora em palacetes, tem carros, etc. Rico é aquele que pode dar - pouco ou muito - do que tem, sabendo viver bem com o muito ou o pouco que conseguiu amealhar. 
 A terra é generosa: dá tudo o de que precisamos; o ar é generoso: não deixa de estar disponível para cada respiração de nosso corpo; o mar é generoso, dando-nos tudo o que possui. E nenhum deles foi criado, como nós, à imagem e semelhança de Deus...
Lavar e enxugar a louça como amor revela a generosidade com aqueles que dela se serviram: isso também é dar glória a Deus mediante um serviço que lhe agrada. Suportar um desaforo pode conter  uma imensa carga de generosidade. Fazer as comprar no supermercado pode ser algo mito agradável a Deus e precioso para a família: é uma forma de me dar. Levar uma criança no colo, dar-lhe a mamadeira, ministrar-lhe um remédio, quanta generosidade pode comportar! Dar um bom dia cordial, um tapinha nas costas, rezar por quem amamos e por quem não nos quer bem, perdoar, tudo pode conter boas doses de generosidade, elevando nossa alma a Deus. 
Como nossa Mãe Maria foi generosa - e não só nas Bodas de Caná; como José foi generoso, e não só com Jesus e com Maria! Quanto a aprender com quem é generoso...Smepre alguém feliz!

Prof. Carlos Martendal 
Revista Divino Oleiro /Ano 6/ nº 58/Julho 2010


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 Amar é escolher o essencial
Há quem se prenda aos erros, deixando de valorizar a pessoa
A globalização trouxe inúmeros benefícios ao homem. Atualmente, com extrema facilidade, temos acesso a outras culturas e a informações sobre tudo o que está acontecendo em todo o planeta. Uma quantidade demasiada de informações é despejada sobre nós cotidianamente. Temos acesso a muitas realidades e, consequentemente, corremos o risco de acabar sufocados em meio a toda essa diversidade.
A vida nos apresenta uma multiplicidade de oportunidades. Através da tecnologia tudo se tornou mais rápido e fácil e temos a possibilidade de realizar muitas coisas ao mesmo tempo. Porém, mesmo em meio a muitas possibilidades, para ser feliz, o homem precisa escolher a melhor forma para consumir o seu tempo.
Há quem passa horas navegando e conhecendo, superficialmente, muitas pessoas pela Internet, mas não consegue gastar 30 minutos com alguém que lhe é realmente importante, para que possa se aprofundar nesse relacionamento real. Pois prefere o descompromisso e a irrealidade do relacionamento virtual, que não exige nada, e que, muitas vezes, possibilita a informalidade e a ilusão.
Há quem gaste horas e até dias com amigos, em farras e bebedeiras, mas não tem a capacidade de gastá-las com a família. Há quem tenha tempo para ir ao “Shopping Center”, ao clube, ao bar, mas não tem tempo para ir à Santa Missa. Há mulheres que ficam o dia inteiro no salão de beleza, mas não param para escutar o marido. Assim como há pais que estão perdendo os filhos, porque nunca tiveram tempo para escutar suas “tolas experiências”…
Não existe relacionamento sem diálogo, família sem presença, felicidade sem prioridade.
É muito triste para o homem, no fim de sua vida, perceber que desperdiçou tempo demais com o supérfluo e desprezou aquilo e aqueles que eram essenciais.
Há quem se prenda aos erros, deixando de valorizar a pessoa que está por trás destes. Cargos passam, filhos crescem, pessoas adoecem, despedidas acontecem, o tempo passa… e, um dia, a vida se ausenta.
É feliz quem compreende que pessoas têm mais valor do que coisas; que família é presente de Deus e amizade é uma arte que torna a vida mais bonita.
Amar é escolher o essencial; é dizer o que se deve; é escutar a quem se deve escutar; é estar ao lado de quem necessita de nossa presença; fazer o que é preciso.
Pode ser que para você, hoje, o essencial seja perdoar ou pedir perdão. Pode ser que seja estar em sua casa como os seus, não sei… O que sei é que a vida é bela para quem sabe priorizá-la, e que é no agora que temos a possibilidade de reescrever nossa história, mudando a direção em que empregamos nosso tempo e nossas energias.
Quem ama consegue encontrar tempo para aquilo e para aqueles que realmente são importantes. Quem ama sabe priorizar.
A virtude mora na escolha… certa, é claro. Amar é escolher o essencial.
Adriano Zandoná
 Seminarista e missionário da Comunidade Canção Nova.  .


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O samaritano solidário.

                Das entranhas do nosso povo ecoa um ensurdecedor grito por justiça, solidariedade e espiritualidade libertadora. Provam as estatísticas que 1% das pessoas mais ricaas do Brasil possuem renda equivalente a 13,8% da população, enquanto os 50% mais pobres detêm somente 13,5% da renda. Sabe-se, ainda, que 2,8% dos latífundios abrangem 57,6% da tropas brasileiras, enquanto 62,2% dos minifúndios dispõem, apenas, de 7,9% de espaço.
                A Petrobrás retira petróleo do mar deuma profundidade de 2300 metros, enquanto, por falta de decisão política,"não existe" tecnologia para extrair água a 50 ou 80 metros do subsolo para minorar a sede do povo do semi-árido brasileiro.
               No mundo, a cada ano, duzentos milhões de crianças morrem por falta d'agua. Revela a Oraganização da Nações Unidas (ONU) que, em 2025, se continuar o atual ritmo de devastação ambiental, 40% da população mundial vai morrer de sede.
                A realidade é dramática, exigindo urgente desafio: globalizar a solidariedade e lutar pela justiça de mãos dadas. Chagada é a hora de, para além da justiça, viver a solidariedade libertadora.
               Quem lê o evangelho de São Lucas (10,25-37) descobre neste "episódio-parábola" a solidariedade do samaritano, na estrada de Jericó.
               Era um estangeiro, discriminado como herege pelos judeus, um excluído que entra para a história como modelo dos voluntários autênticos. Denuncia ele uma estrutura assaltante, violenta, sendo solidário de modo gratuito e libertador.
               Em viagem, diminui os passos, pára e aproxima-se da realidade sofredora daquele desconhecido, espancado, desfalecido, semimorto. Não passa adiante, forjando teorias, justificativas sobre a violência. Interrompe seus planos, deixando-se guiar pelo inesperado, pelo que acontece. Deixa que a dor do outro penetre as entranhas do seu existir. Passa a ver seus planos a partir do sofrimento do outro. Aciona as mãos na prática da misericórdia. Dor sentida é dor partilhada, é dor diminuída. Presta os primeiros socorros e, logo após, encaminha o violentado a uma hospedaria para os devidos cuidados, à custa do próprio dinheiro. Soube o samaritano da hora para entrar na vida do sofredor, bem assim do momento para partir, sem revelar nome nem endereço, libertando o socorrido de dizer "obrigado".
               Ao fim da parábola, conclui Jesus: "Vá você e faça o mesmo".
               Permita-se-me lembrar o episódio de Alí Babá, que deixara para seus quatro filhos a herança de 39 camelos, explicando a divisão: a metade para o mais velho; um quarto para o terceiro; a oitava parte para o segundo e a décima parte para o mais moço. Brigavam os quatro e não se entendiam, porque a divisão era impossível sem o esquartejamento dos animais.
              Na ocasião do desentendimento, passava um beduíno montado em seu camelo. Num ato de solidariedade e de justiça, oferece o seu camelo para realizar a divisão.
              "Olhem", diz ele, "com o meu camelo vocês perfazem o total de quarenta camelos. Se a metade é para o mais velho, terá ele vinte camelos; se o outro deve ter a quarta parte, caberá a ele dez camelos; se o outro deve ter a quarta parte, caberá a ele dez camelos; se o segundo tem por herança a oitava parte, vai ficar com cinco camelos; se o mais moço tem direito à décima parte, vai ficar com quatro animais. Agora, somem a divisão: 20+10+5+4=39. Fica sobrando o meu camelo que levarei comigo."
            É interessante: tudo o que se dá, na solidariedade, não deixará de retornar ao próprio dono.

Retirado do Livro: "Pequenas histórias, grandes lições" 
de Dom Fernando Lório Rodrigues - Edições Paulinas.



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Pentecostes


Pentecostes, do grego, pentekosté, é o qüinquagésimo dia após a Páscoa. Comemora-se o envio do Espírito Santo à Igreja. A partir da Ascensão de Cristo, os discípulos e a comunidade não tinham mais a presença física do Mestre. Em cumprimento à promessa de Jesus, o Espírito foi enviado sobre os apóstolos. Dessa forma, Cristo continua presente na Igreja, que é continuadora da sua missão.

A origem do Pentecostes vem do Antigo Testamento, uma celebração da colheita (Êxodo 23, 14), dia de alegria e ação de graças, portanto, uma festa agrária. Nesta, o povo oferecia a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido. Mais tarde, tornou-se também a festa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19, 1-16).


No Novo Testamento, o Pentecostes está relatado no livro dos Atos dos Apóstolos 2, 1-13. Como era costume, os discípulos, juntamente com Maria, mãe de Jesus, estavam reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, "como se soprasse um vento impetuoso". "Línguas de fogo" pousaram sobre os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas línguas.


Pentecostes é a coroação da Páscoa de Cristo. Nele, acontece a plenificação da Páscoa, pois a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na missão dos discípulos.


Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca Atenágoras (1948-1972): "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos". O Espírito traz presente o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão.


Dada sua importância, a celebração do Domingo de Pentecostes inicia-se com uma vigília, no sábado. É a preparação para a vinda do Espírito Santo, que comunica seus dons à Igreja nascente.


O Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da descida do Espírito: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. Para os cristãos, o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal.




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Quem é o Espírito Santo?


Aquele que torna visível e concreto o amor perfeito e maior.


Um dia, uma criança encontrou um monge na rua e, cheia de entusiasmo, perguntou-lhe: – “O senhor poderia me dizer quem é o Espírito Santo?”. O religioso iniciou a explicação com toda sua sabedoria sobre o que a Teologia diz a respeito da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, partindo da Sagrada Escritura e comentando o pensamento dos teólogos mais importantes.

O ensinamento do monge era perfeito e correspondia ao pensamento da Igreja, mas o menino foi embora triste por não ter entendido nada e sem ter obtido uma resposta. Mais à frente, o garoto encontrou uma mulher com um bebê de colo, a qual o colocou no chão e começou a ensiná-lo a caminhar. Chamando-o, estimulando-o, acariciando-o e o aconselhando sobre os primeiros passos que ele deveria dar para poder caminhar sozinho. Quando a criança estava prestes a cair a mãe a levantava com muito cuidado e se ela, no entanto, caísse, ela procurava defendê-la dos possíveis perigos.

Enquanto o menino observava essas cenas o monge chegou até ele e lhe disse: –“Olha, meu filho, eu falei muita coisa sobre o Espírito Santo sem que você compreendesse nada. Agora, contudo, você pode olhar a vida de todos os dias, o amor com o qual aquela mulher cuida, ensina e corrige a sua criança é um símbolo real do Espírito Santo de Deus. Ele é o amor visível”.

Podemos tentar explicar o Espírito Santo Paráclito por meio das mais elevadas teologias sofisticadas, mas esse fato relatado acima nos ensina uma verdade muito importante. O Espírito Santo de Deus é amor e o mais nobre dos sentimentos pode ser compreendido somente se somos capazes de amar. Somente quem ama e procura viver no amor pode entender essa realidade. São João entende a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade como o amor, fonte e consolador: o amor é o verdadeiro dom de Jesus, aquele dom que é transmitido com um sopro, cuja finalidade é que cada um de nós viva no amor.


É o Consolador, o Paráclito, Aquele que mora nos nossos corações, e é perto de ós, nos acompanhando e lutando por nós, que toma a nossa defensa e fala no mais íntimo de nosso interior. Não podemos vê-Lo, mas sabemos que está presente (assim como o vento: não o vemos, mas o sentimos), sabemos que é Deus a infundi-Lo em nós e a nos doá-Lo. O Espírito Santo não é outra coisa que o amor com o qual o Pai ama o Filho e faz presente este amor supremo na vida dos homens. Ele é Aquele que faz visível e concreto o amor mais perfeito e maior: Jesus sobre a Cruz.

Cada vez que a Igreja se reúne para celebrar a Eucaristia, sobre o altar, o pão e o vinho se tornam, pela ação do mesmo Espírito Santo, o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo realmente presente e visível o Seu amor, que vem morar em nós para nos ensinar e guiar à verdade completa. O Espírito Santo, cada vez que a Igreja celebra a Reconciliação, atualiza – por intermédio do sacerdote – o sacrifício de Cristo, que nos perdoa e nos liberta dos pecados. E o faz por meio de todos os sacramentos, por meio dos quais se faz presente este amor que cura, liberta, protege, justifica, salva. Enfim, podemos dizer que cada vez que a pessoa ama realmente, com o amor de Jesus, faz com que o Espírito Santo de Deus se torne presente na vida do mundo, porque onde há caridade e amor ali está Deus.

Se quer conhecer o Espírito Santo olhe o Crucificado e peça a Jesus Cristo que o ensine a amar com o Seu mesmo amor, então, O verá, sentirá a Sua voz, que fala por intermédio dos pequenos e dos pobres, verá o lugar da Sua morada, que é a Igreja e verá a Sua glória, que é o Pão partido sobre o altar para a vida do mundo.

Fonte: http://blog.cancaonova.com/roma
Por:







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Série: Espiritualidade

"A oração"

Dominaste-me e obtivestes o sucesso...(Jer 31,99) Um amor muito maior que nós, mas que se faz tão pequeno que invade o nosso ser e nos toma. E, sem controle, nos deixamos invadir pelo amor que pode tudo recriar e tudo transformar. Um olhar tão penetrante que de dentro torna-nos transparentes a nós mesmos, e, de repente como num espelho vemo-nos tão simples, tão machucados e necessitados de um amor que nunca passe. Uma presença tão envolvente que sem entender expandi-nos e quase sem querer somos lançados no outro. Como explicar o que é ser amigo de Deus (?). É hora de ver a vida e ali perceber que Deus sempre esteve a nos falar, a unir-se a nós, ainda que no meio de nossas exigências.

A atracão é algo mais comum, basta abrir os olhos e o mundo estará cheio de coisas que por seu brilho, cor e beleza arrancará um bom tempo do dia. Acontece que engolfados por muitas vistas, a vida passando sem que o melhor sabor se tire de tudo. E nisto, perceber uma voz bela, forte e instigante que não grita, apenas torna claro tudo, pode não ser tão, digamos, evidente.

Dedicar-ser a Deus é na verdade deixar-se invadir pela caridade, por um fogo consumidor que vai devorando o nosso ser e transformando, embelezando o nosso viver. Como diria São Tomás de Aquino: " Deus é amor em ato", aquele que ora, que dedica tempo ao seu melhor amigo - Deus, é movido pelo amor e sua vida torna-se semelhante a de Jesus - de coração manso, como a pomba e de astucia comparável a uma cobra.

Em meios aos desafios, que sem dúvidas é o nosso mundo Jovem, o nosso coração permanece em paz e firme, mesmo sendo levado a cruz. Uma forma de encontrar força, coragem e amor ao próximo é adorar o Santíssimo. Alí, no coração de Jesus  tudo cala, e lá vemos o Deus que misteriosamente nos acolhe como somos e este amor constrangedor eleva-nos a dignidade que o Pai do Céu nos concedeu, de sermos filhos de Deus.

E, dentro de nós existe este imenso espaço que reclama aquele momento com o Eterno, com aquele que não passa, com Meu Deus. - Meu Criador. Como diria Santo Agostinho "Inquieto deixastes o meu coração, inquieto ficará, enquanto não repousar em ti".

Minutos ou horas, um final de semana, talvez um retiro, uma conversa saudável sobre a bíblia - a carta de amor de Deus, sobre a vida dos santos, deste que são conhecidos pelo grau de amizade com Deus que tiveram, nos seus respectivos tempos, talvez seja tudo que precisamos para equilibrar a nossa personalidade inclinada a tanta comodidade com aquela beleza que Deus colocou em nós, quando nos criou e re-criou no batismo.

"Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir...", não é uma voz para ter receios e medos, mas uma voz tranquila e próxima que diz, " Eu quero misericórdia" (Mt 9,99). Escutar, significa tomar decisões, escolher com quem se anda e saber onde andamos. Como diria Teresa de Jesus " É saber a quem me dirijo", Ou como São Francisco "Quem és tu, Senhor? Quem sou eu?

Então é hora de silêncio e lançar o pensamento nEle, que ocultamente nos escuta e nos enxerga muito mais que nós.


(Fonte: Revista Shallon Maná)


Reflexão do programa Oração da Noite de 11.05.2010.




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