sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Aceitar as falhas alheias...



Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer torradas.
Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai.
Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato.
Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada.
E eu nunca esquecerei o que ele disse:
” – Amor, eu adoro torrada queimada…”
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada.
Ele me envolveu em seus braços e me disse:
” – Sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada…
Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém.
A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas.
E eu também não sou o melhor marido, empregado ou cozinheiro!”
O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo não relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.
Essa é a minha oração para você, hoje.
De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.
Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio.
Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração dele;
você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua.
As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse, mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez se sentir.

(autor desconhecido)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Seguir o caminho da humildade



É só quando deixamos de prestar atenção aos nossos feitos, à nossa fama e à nossa superioridade, que estamos finalmente livres para servir Deus perfeitamente e por Ele só.
A pessoa que não está despojada, pobre e despida no íntimo da sua alma tenderá insconscientemente a realizar em seu proveito as obras que tem a fazer, mais do que para a glória de Deus. Será virtuosa não porque ame a vontade de Deus, mas porque deseja admirar as suas virtudes pessoais. Mas cada momento do dia irá trazer-lhe alguma frustração que a tornará ríspida e impaciente, e será descoberta na sua impaciência.
Planejou executar atos espectaculares. Não pode imaginar-se sem uma auréola. E, quando os acontecimentos da sua vida diária lhe vão recordando a sua insignificância e mediocridade, fica envergonhado e o orgulho impede-o de engolir uma verdade que não surpreenderia qualquer pessoa sensata.»

Thomas Merton, em "Novas sementes de contemplação"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Em busca do último lugar...


A vida humana é carregada de mistérios... Todos os dias somos convidados à buscar mais e melhores condições de vida, de bem-estar social, enfim, somos chamados a viver de aparências. Essa busca frenética por um status social nos faz esquecer que Jesus foi servo. Gastou sua vida para servir aos filhos (as) de Deus...
Pode parecer estranho, mas o caminho para a realização pessoal em Deus passa pela cruz. Jesus nos ensina que, aquele que desejar ser o primeiro deve se fazer o último, isto é, deve servir a todos. Quem quiser o primeiro lugar deverá aprender na escola de Maria o caminho da humildade, da espera silenciosa em Deus, da certeza de que Ele tem o melhor para nós.
É preciso olhar para os outros com misericórdia. Olhar para o Cristo que se faz presente naquele que pede, que busca, que vem até nós na ânsia de ser amado (a), acolhido (a), perdoado (a)... Quem quiser ser o primeiro deve aprender a servir a todos. Dentro de nossas casas, no ambiente onde estivermos é preciso carregar a cruz, ser Cirineu na vida das pessoas. É preciso acolher o Cristo presente na vida do outro que chega, mesmo aqueles que não nos agradam... e eles existem.

Ser cristão é lutar pelo último lugar no mundo, para ter o primeiro lugar junto de Deus.

Fonte: Carlos Jacoob


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Sofrimento não é a ausência do amor de Deus...


Ser grato a Deus pelas maravilhas que vivemos e contemplamos é algo prazeroso.
Mas expressar gratidão em meio a tribulação e ao sofrimento, expressar louvores nas noites escuras, nos desertos da alma, é algo que exige não apenas crer em Deus, mas sentir-se profundamente amado por Ele.
Creio que foi isso que Paulo e Silas sentiram na prisão "E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam"(Atos 16:25) somente alguém que acredita realmente ser amado por Deus pode louvá-lo em toda e qualquer circunstância. Este louvor é uma expressão semelhante a oração de Jesus no Getsemâni "Seja feita a tua vontade". Quando aceitamos a situação em que estamos, glorificamos a Deus dizendo que confiamos naquilo que Ele é e essa crença não muda por causa da circunstância em que nos encontramos.
Deus é amor, e seu amor não cessa. Mesmo nos piores momentos que estivermos enfrentando não podemos deixar de ser amados por Ele.
Aconteça o que acontecer o amor de Deus está lá, imutável. Apenas precisamos reconhecê-lo. Talvez tenha sido isso que sustentou o jovem José do Egito. Vendido pelos irmãos como escravo, lançado injustamente na prisão, mas sem em nenhum momento esquecer que Deus o amava. É repetido várias vezes no livro de Genêsis a expressão "E o Senhor estava com José" A prova desse amor não era a ausência de problemas mas a segurança e a confiança gerada por aquela voz interior que sussurra "Meu filho amado não temas eu estou aqui".
Tudo isso me remete a figura de Victor Frankl psiquiatra austríaco, uma das figuras humanas mais extraordinárias do Século XX. Frankl sempre buscou encontrar e extrair um significado de todos os eventos que aconteciam em sua vida. Oportunidades não faltaram. Formou-se médico em 1930 e trabalhou em um hospital psiquiátrico em Viena, sendo responsável por milhares de pacientes suicidas. Perdeu o melhor amigo executado pelo regime nazista. Judeu, foi prisioneiro nos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Dachau, onde ficou por quase três anos. Ao ser libertado, descobriu que havia perdido quase toda sua família: foram mortos seu pai e sua mãe, além de sua esposa e seu irmão. Somente sua irmã, que fugiu da Europa antes da guerra, permanecia viva.
Frankl descobriu que a única forma de superar todo e qualquer sofrimento era pela esperança de dias melhores, ele percebeu que seus companheiros de prisão que sobreviviam não eram os fortes fisicamente, mas aqueles que ainda esperavam viver algo lá fora. Quem crê em Deus, não pode deixar de acreditar que a nossa história é feita de mortes mas principalmente de ressurreições. O amor de Deus é a raiz de toda esperança. É somente Ele que nos faz acreditar que há mais coisas para serem experimentadas adiante, Deus não nos deixa sermos congelados pelo sofrimento. Ele nos faz sonhar com uma terra que mana leite e mel, enquanto estamos enfrentando o sol escaldante do deserto.
Observe o que Victor Frankl nos ensina"Um pensamento me traspassou: pela primeira vez em minha vida enxerguei a verdade tal como fora cantada por tantos poetas, proclamada como verdade derradeira por tantos pensadores. A verdade de que o amor é o derradeiro e mais alto objetivo a que o homem pode aspirar. Então captei o sentido do maior segredo que a poesia humana e o pensamento humano têm a transmitir: a salvação do homem é através do amor e no amor" .
A certeza da presença de Deus nos basta, se cremos em um Deus de amor, que nunca deixa de se importar com seus filhos e deseja sempre resgatá-los.

João Eduardo Cruz, Blog Jardim da Alma

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lágrimas de Palhaço



O palhaço entra no picadeiro dando cambalhotas. A criançada dá gargalhada, bate palmas, grita de alegria. Por um instante ele é o centro das atenções, sua vida é o palco.
O espetáculo termina, o palhaço retira-se para o camarim. Ele tem uma vida além do circo. Nela, pouco consegue se alegrar.
Se tudo pudesse ser tão simples como colocar um nariz vermelho e uma peruca verde... mas a vida é mais, exige que ele se revista de coragem, vontade e amor.
O palhaço tem um filho que se envergonha de ter um pai palhaço,por isso não conta aos amiguinhos o que ele faz. Tem uma esposa que se orgulha dele, mas ela tem uma saúde que teima em querer deter sua existência.
E a vida parece paralisar depois do espetáculo e só retoma para ele no picadeiro.
O palhaço alimenta-se da alegria do seu show, mas esta não suporta as duras dores do seu triste mundo.
Sua função é o riso, seu caminho é de lágrimas. O paradoxo da existência deste palhaço nos ensina que aquilo que sofremos não deve implicar na missão que temos de abençoar. A bênção de um palhaço é fazer sorrir, o sinal de sua bênção é a gargalhada.
Apesar de tudo, o palhaço sabe, a vida não é o que lhe falta, mas o que ele tem a oferecer.
Na verdade o que nos sustenta é o que entregamos, muito mais do que aquilo que gostaríamos de receber.
Quando damos vida a alguém, de alguma forma, recebemos vida de volta.

"Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber". Atos 20:35

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