quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Sofrimento não é a ausência do amor de Deus...


Ser grato a Deus pelas maravilhas que vivemos e contemplamos é algo prazeroso.
Mas expressar gratidão em meio a tribulação e ao sofrimento, expressar louvores nas noites escuras, nos desertos da alma, é algo que exige não apenas crer em Deus, mas sentir-se profundamente amado por Ele.
Creio que foi isso que Paulo e Silas sentiram na prisão "E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam"(Atos 16:25) somente alguém que acredita realmente ser amado por Deus pode louvá-lo em toda e qualquer circunstância. Este louvor é uma expressão semelhante a oração de Jesus no Getsemâni "Seja feita a tua vontade". Quando aceitamos a situação em que estamos, glorificamos a Deus dizendo que confiamos naquilo que Ele é e essa crença não muda por causa da circunstância em que nos encontramos.
Deus é amor, e seu amor não cessa. Mesmo nos piores momentos que estivermos enfrentando não podemos deixar de ser amados por Ele.
Aconteça o que acontecer o amor de Deus está lá, imutável. Apenas precisamos reconhecê-lo. Talvez tenha sido isso que sustentou o jovem José do Egito. Vendido pelos irmãos como escravo, lançado injustamente na prisão, mas sem em nenhum momento esquecer que Deus o amava. É repetido várias vezes no livro de Genêsis a expressão "E o Senhor estava com José" A prova desse amor não era a ausência de problemas mas a segurança e a confiança gerada por aquela voz interior que sussurra "Meu filho amado não temas eu estou aqui".
Tudo isso me remete a figura de Victor Frankl psiquiatra austríaco, uma das figuras humanas mais extraordinárias do Século XX. Frankl sempre buscou encontrar e extrair um significado de todos os eventos que aconteciam em sua vida. Oportunidades não faltaram. Formou-se médico em 1930 e trabalhou em um hospital psiquiátrico em Viena, sendo responsável por milhares de pacientes suicidas. Perdeu o melhor amigo executado pelo regime nazista. Judeu, foi prisioneiro nos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Dachau, onde ficou por quase três anos. Ao ser libertado, descobriu que havia perdido quase toda sua família: foram mortos seu pai e sua mãe, além de sua esposa e seu irmão. Somente sua irmã, que fugiu da Europa antes da guerra, permanecia viva.
Frankl descobriu que a única forma de superar todo e qualquer sofrimento era pela esperança de dias melhores, ele percebeu que seus companheiros de prisão que sobreviviam não eram os fortes fisicamente, mas aqueles que ainda esperavam viver algo lá fora. Quem crê em Deus, não pode deixar de acreditar que a nossa história é feita de mortes mas principalmente de ressurreições. O amor de Deus é a raiz de toda esperança. É somente Ele que nos faz acreditar que há mais coisas para serem experimentadas adiante, Deus não nos deixa sermos congelados pelo sofrimento. Ele nos faz sonhar com uma terra que mana leite e mel, enquanto estamos enfrentando o sol escaldante do deserto.
Observe o que Victor Frankl nos ensina"Um pensamento me traspassou: pela primeira vez em minha vida enxerguei a verdade tal como fora cantada por tantos poetas, proclamada como verdade derradeira por tantos pensadores. A verdade de que o amor é o derradeiro e mais alto objetivo a que o homem pode aspirar. Então captei o sentido do maior segredo que a poesia humana e o pensamento humano têm a transmitir: a salvação do homem é através do amor e no amor" .
A certeza da presença de Deus nos basta, se cremos em um Deus de amor, que nunca deixa de se importar com seus filhos e deseja sempre resgatá-los.

João Eduardo Cruz, Blog Jardim da Alma

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