domingo, 18 de julho de 2010

Escolhamos a melhor parte, aquela que não nos será tirada...

O evangelho deste domingo, na minha humilde opinião é um dos mais lindos, mais profundos, mais apaixonantes. Duas mulheres, Marta e Maria, duas irmãs que viviam naquele povoado chamado Bethânia, lugar onde Jesus gostava de estar, onde ele sentia-se acholhido e amado pelos amigos, alí também morava Lázaro,  irmãos também das duas mulheres, a quem Jesus ressucitara dos mortos, lugar onde Jesus mantinha laços fortes de amizade com simples pecadores.

Compartilho com vocês uma linda homilia para este evangelho, escrita por Padre Pacheco da comunidade Canção Nova.

Escolhamos a melhor parte.

Neste final de semana estamos meditando acerca de uma visita que Jesus faz a seus amigos em Betânia. Betânia é um vilarejo situado na encosta oriental do Monte das Oliveiras e fica a uma distância de 3 km de Jerusalém. É caminho de quem ia de Jerusalém para Jericó e vice-versa. O Senhor, ao fazer este percurso, sempre ficava na casa de seus amigos em Betânia, casa de Lázaro, Marta e Maria. Ali, descansava e convivia com eles. É numa dessas visitas que acontece o fato apresentado por Lucas no Evangelho deste final de semana.

Cristo sempre tem o desejo e tem o querer estar em comunhão com os Seus amigos. E quem são os amigos do Senhor? Cada um de nós, pelo Batismo: “Já não vos chamo mais servos, mas amigos”. Ora, se somos amigos – e o somos – temos de entender que a indiferença é algo totalmente oposto à amizade. Quem é amigo, quem ama, sempre “gastará” (ganhará!) tempo com o outro.

Jesus quer estar com Maria e Marta, mas somente Maria possui a coragem de se assentar aos pés do Mestre para escutá-Lo. Marta está ocupadíssima, mergulhada num ativismo, realidade esta que cega a pessoa no campo espiritual. Marta acha que é amada por Jesus por aquilo que faz; Maria, ao contrário, sabe que é amada por Cristo por aquilo que é, ou seja, é amada por ser filha, amiga. E porque vive uma amizade e uma filiação profunda, escolhe a melhor parte, aquela que jamais lhe será tirada. Tudo nesta vida perderemos; só restará aquilo que tivermos construído com Deus: intimidade, santidade.

Jesus não condena o trabalho de Marta. Aliás, com ela aprendemos que devemos transformar o mundo e a nossa vida a partir de um trabalho sério, profundo e constante. Todavia, este trabalho sempre terá de partir de uma intimidade com o Senhor. Fui chamado para estar com Ele; estando com Ele, em amizade e intimidade, então sim, me ensinará o que devo fazer, como e quando.


O Senhor tem sede da nossa amizade. Ele quer estar conosco naqueles colóquios de intimidade e amor. Por que nos encontramos – como Marta – tão agitados? Porque estamos querendo fazer muito, estamos querendo muito; nada chega; não existe limite para o ter, o poder e o prazer. Nisso, as relações com Deus e com as pessoas que amamos vão desaparecendo cada vez mais. Vamos tendo tudo à nossa volta e cada vez mais vazios vamos ficando por dentro. Aliás, muito precisa fora – ter e se ocupar com coisas inúteis – aquela pessoa que muito pouco possui dentro de si. Agora, quem busca intimidade, amizade e amor com o Senhor nunca precisará de muita coisa para ser feliz, pois quem tem Deus, quem tem a coragem de se sentar aos pés do Mestre – como Maria – tem tudo! Não lhe falta nada. Aí entendemos o salmista quando diz: “Se o Senhor não construir a nossa casa, em vão trabalharão os construtores”. Para dizer que nada preenche o nosso coração a não ser Deus. Nada!



A Palavra de Deus quer nos ensinar, neste final de semana e sempre, que devemos nos ocupar com o essencial, pois o restante virá por acréscimo. E o que é o essencial? Intimidade, amizade, amor cultivado em Deus. Não nos preocupemos com o que fazer, pois uma intimidade profunda e séria, a exemplo de Maria, sempre nos levará para o serviço concreto.
Padre Pacheco


Comunidade Canção Nova

Endereço: http://blog.cancaonova.com/homilia/


Comentário.

Lendo este evangelho meditamos sobre como temos agido como Marta no nosso dia-a-dia, nos envolvemos demasiadamente com o trabalho, com os diversos problemas, com outros serviços, enfim, fazendo com o que tempo de estar com o Senhor, dedicar-se a uma amizade mais intensa e profunda com ele, seja mínimo, ou que até mesmo seja esquecido no decorrer de nosso dia.  Uma das vezes na qual ouvi este evangelho e tocou fundo no meu coração foi numa das últimas palestras do saudoso Padre Léo, onde ele falava da alerta que Jesus fez à Marta: Marta, Marta, tu te inquietas por muita coisa, tu te preocupas à toa, Maria escolheu a melhor parte, aquela que não lhe será tirada.  Veio ao meu pensamento todo   e quanto tempo desperdiçado com preocupações no trabalho, de ganhar dinheiro, noites de estudos  pra ter o melhor emprego, os serviços domésticos, enfim, coisas que não deixam de ser importantes para a nossa vida, mas que de forma alguma sejam postas como prioridade, nos fazendo esquecer o mais importante que é o profunda e constante amizade com Deus, pois quando buscamos essa intimidade com ele, não nos preocupamos, nosso fardo é leve, pois tudo o mais nos será acrescentado. Eu buscando as coisas do mundo,  ele estava ali, sedento de minha amizade, pois ele é amigo que ama, que quer estar junto, que espera nossa atenção, que quer nos ensinar o que é o essencial para nossa vida, ele sempre estava ali, quanto tempo ele tem esperado este momento, de me ter aos seus pés, e ensinar-me sobre o bem, sobre as coisas boas. Me veio também ao coração todas as pessoas as quais me relaciono, que estão mergulhadas nos seus afazeres mundanos, estão sempre preocupadas com o sucesso profissional, com o futuro, com o poder e seus prazeres, enfim, deixando de viver e cultivar o essencial desta vida, o amor, a amizade e a comunhão e intimidade com Deus, quão tolas são, estão perdendo o melhor. Desde então tenho experimentado levar e viver essa essência, no relacionamento com as pessoas, nas amizades, na comunidade, enfim, nos diversos campos de minha vida, e como é bom. Confesso, os apelos do mundo são muitos, as vezes fraquejo, me descuido da oração, me disperso com outroas coisas, mas sei que em minha fraqueza posso contar sempre com ele, amigo fiel, que me acolhe e me dá forças para ser lutar para ser o que ele quer.
Gosto muito de uma canção que me levou a meditar sobre a vida que eu desperdicei sem viver a amizade com o Senhor.

A vida oferece tantas coisas,
Mas sei que é tão fácil a gente se apegar,
Mas tudo tem, começo e fim,
tudo passa, tudo passará,
Custei a entender o que dizias,
Que vale ao homem, ganhar o mundo inteiro
e vir a perder a vida Eterna,
Se um dia eu pensar
em deixar o meu Senhor,
Me lembrarei
que ao fim de tudo só ele restará...


Jesus,
Fica comigo,
Eu imaginava, não precisar de mais nada
E percebi que lá no fundo, não tinha nem motivo pra viver...
 Jesus,
Fica comigo,
És tudo que tenho, e nada mais me resta
Hoje meu maior motivo és tudo.

(Maior Motivo - Vida Reluz)

Peçamos a Deus, que nos aceite sempre como seus amigos, e que continue a nos ensinar sobre as coisas do alto, mesmo na nossa condição humana pecadora, que como Maria de Betânia nos acolha a seus pés, para que tenhamos sabedoria de escolher sempre a melhor parte, aquela que nunca nos será tirada.

Por: Rosana Abrahim. 18.07.2010

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