quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sobre a significância do encontro...

O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas...


Quando vejo as pessoas indo de um lado a outro - algumas com expressão leve, outras cansadas, desanamidas; algumas vagarosas, outras apressadas - fico imaginando o encontro. Aquele homem que vai é um homem a mais que vai. Mas ele chega. E encontra alguém que dá significado à sua existência porque sente a sua ausência. Sentir a ausência de alguém é dar sentido à sua existência. É uma criança que exulta ao entrar em casa sabendo que alguém estava a sua espera. Chegar e não encontrar é dor doída demais. É sentir-se esquecido, desprovido de cuidado. É estender as mãos para ninguém. O encontro com o outro ou até mesmo com os cantos que escolhemos para descansar de nossas mudanças nos alivia. Como é bom voltar. Voltar a casa, voltar à consciência, voltar ao enredo que ficou esquecido em algum lugar no recôndito dos nossos sentimentos.
As idas e vindas cotidianas são transformadas em encontro. Com o outro ou com a gente mesmo. É uma pausa na ausência do significado. Somos desertores do que dá essência ao que significamos. Transitamos de um lado a outro, vemos e não enxergamos ninguém. São travessias ininterruptas de desconhecidos. Ao passo que, quando são reconhecidas, as pessoas se tranformam. Sorrisos, dizeres, acenos, um gesto que seja, e aí está o significado.
Temos esse poder. O poder de dar significado às pessoas que amamos, O poder de tirá-las do meio da multidão e ajudá-las fraternalmente. Pessoas caídas que precisam de uma mão. Temos duas. Pessoas fragilizadas. Precisam de uma palavra. Temos tantas. E as usamos com tantas imprecisões, com tanto desperdício, que na hora certa acabamos calados, economizando elogios, ternura.
Quando Jesus olho para aqueles homens simples e os convidou para construírem com ele uma nova civilização, certamente por ali muitos outros homens já haviam passado e não viram nada além de homens pescando, quando muito. Jesus viu além. E aquele significado , o significado de um encontro de amor, mudou definitivamente a história de cada um deles. A vida ganhou o sentido de missão. Jesus olhou de maneira certa, fez com que cada um se sentisse único, o que é essencial para se ganhar significado. Amou-os sem economias nem distinção. Um sopro vital fez com que as impertinências cotidianas ficassem enterradas. Era hora de escalar mais alto, de tirar as sandálias e pisar no solo sagrado da vida feito missão. Era o olhar de Jesus, relebrado por Gabriel Maciel, tu não morrerás jamais.

Gabriel Chalita

Trecho do Livro Carta entre amigos - Sobre medos contemporâneos, escrito por Gabriel Chalita e Pe. Fábio de melo. Pág. 38

                                                                                                                                           

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails